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Mostrando postagens de setembro, 2010

Saudade.

Saudade. Sete letras e tanta saudade. Saudade de quando não doía assim. Saudade de quando a vida exigia menos e fazíamos o mesmo por ela. Saudade de quando a inocência prevalecia. Saudade. De tudo, do bom e do ruim. Saudade de quando éramos felizes e sabíamos. Enorme, gigante, que não cabe, nem explode, saudade de quando tudo podia ser para sempre. Saudade da gente. Saudade de mim, de quem eu era ou de quem sabia ser. De você e de como me sentia contigo. Saudade do agora. Como era bom, meu Deus. Como era doce, como eu era doce, como éramos. Eu não tenho saudade de alguém, tenho saudade de como eu sabia ser. Tão eterno, tão generoso, tão encantador. Era descoberto, sem capas, verdadeiro. Uma mentira tão real. Eu juro, eu gostaria de saber ser assim novamente, mas não sei. Há uma capa, cobriu, difícil de ser perfurada. Ah, que saudade. Saudade que dói, fura, bate. Da saudade do que eu não lembro. Da fé nas pessoas. Do amor admitido. Do otimismo desmedido. Do coração que se jogava sem med

Que seja.

Você não sabe o que é pior: sentir-se mal ou não sentir. Talvez seja pior sofrer dos dois. Sinto-me mal, mas não consigo sentir. Algo em mim parece que explode e, simultaneamente, se fecha, porque algo diz "fique calmo que tudo sana", enquanto, profundamente, sei que tenho um vazio que me entristece, deixa tudo escuro e tem consciência de que, mais profundamente ainda, as coisas são podres. Podres como pão fora da geladeira por uma semana. Podre como o egoísmo que reprovo e possuo. Podre como a falsidade dos sorrisos e o desespero no olhar. Eu olho ao redor, e só vejo cobertas. Tristezas cobertas, sentimentos escondidos, pessoas ocultas. E todos se doem tanto, tanto. É estranho viver, observar tantos rostos diariamente e não imaginar que, por trás deles, há traumas, medos e um grito silencioso. Um grito que quase ninguém ouve. Não se usa a voz, não se sabe usá-la: só quem sentir o não-sentir entende. Se olhares bem, perceberás que, no olhar que olhas, há um pedido de socorro.

Tempostagem

        - Namoramos por dois anos.         - Ela viveu apenas alguns meses.         - Este ano passou tão rápido, parece que ontem comemoramos seu começo.         O tempo foi criado como simbologia para organizar a vida. Ele é representado por números, contado e esperado. Ele é representativo, não é, de fato, real.  Podemos testar: diga a palavra "agora". Consegue alcançá-la? Você fala "agora", mas quando está na sílaba "go", não está mais, porque já está na "ra". Cada momento corre na frente do outro, tornando-se um só, assim como cada sílaba pronunciada forma uma palavra.         Os segundos tem uma frequência, mas quem a define e que ritmo deve seguir? O que há entre cada milésimo de segundo? E se os segundos passassem em uma frequência mais rápida, como bater em um tambor, qual seria a máxima velocidade que alcançaríamos? Seria o presente? Ou ele é inalcançável? Nesse caso, a contagem dos minutos mudaria, assim como a das horas, dias, mes

Dói?

Na madrugada de ontem, não lembro o porquê, pensei: sempre existem situações piores... E entrei em contradição comigo mesma. Se sempre há alguém pior, deveria haver o pior de todos? Não, porque existiria algo pior do que o pior de todos, já que sempre pode ser pior... Enfim, seguindo esse raciocínio, vale o mesmo para o "melhor". Não pode ser sempre pior ou melhor. Quando a dor é sua, não adianta saber que há algo pior. Dói da mesma forma. Depende também do conceito de "bom" e "ruim". Mas tudo me faz crer que os acontecimentos não doem. O que dói é ter sua pior parte revelada pra si mesmo, são os medos. O que dói é você. Você se dói, porque mexe nas suas feridas mal cicatrizadas. Você ouve "sinta-se bem" e tenta "sentir o bem", mas não faz o que realmente deveria fazer: sentir-se, sentir você, sentir a vida que existe em cada sorriso, choro ou grito seu. Terminar o namoro não dói... O que dói é o medo de estar só. Engordar não dói... O

Hoje...

... estava pensando em algo que penso frequentemente: por que todo mundo procura alguém? E por que, quando estão em um relacionamento, na maioria das vezes não é como esperado? Acredito que poucas pessoas se conhecem bem. A maioria delas tem medo de saber quem realmente são ou o que se tornaram. Elas tem medo de conhecer a si mesmas e, portanto, possuem o mesmo medo de conhecer o outro. Não querem estar sozinhas, não gostam da própria companhia, então aceitam qualquer um. Você cria uma imagem pra alguém, que condiz com suas expectativas. Quando descobre que em nada tem a ver com a realidade, você se decepciona e volta ao real. " Se não estivermos conscientes de nossas próprias necessidades e não decidirmos o que queremos de um amigo, de um patrão ou de um profissional pago, não será justo culpá-los por nos desapontar. " Então, você pode criar uma nova ilusão, quanto a si mesmo e ao outro, ou pode se conhecer. E isso pode ser muito bom ou muito ruim. Depende de quem você é.

Começo me...

...apresentando. Sou a dona do blog (dã): Emanuele Alves. Tentarei inútil e brevemente me resumir: sou inconstante. Não espere postagens periódicas. Odeio rotinas. Não espere, nem se desespere, como disse Caio Fernando Abreu. Postarei quando houver vontade. Escreverei de crises a humor. Não sei quem me lê ou quem sou. Poderás saber como sou, atribuir-me características ou sentimentos, mas realmente não saberás quem sou, a não ser que tu saibas quem és. Sou alguém tão normal e complicada quanto quem me lê. Estranho-me com frequência: quem é esse "eu" que grita e pulsa dentro de mim? O que eu era antes de ser? " Você de repente não estranha de ser você? " E o que serei depois? Preciso ser? Gosto de ser, apesar de algumas dores. Tenho um corpo, um jeito e um nome. " Me deram um nome e me alienaram de mim ". Tenho uma personalidade, algumas memórias que não correspondem à realidade e realidades que não correspondem às fantasias. Um dia nasci e renasço o tempo