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Mostrando postagens de setembro, 2015

A hora

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Todo começo é um pouco doloroso. Todo começo rompe barreiras e quebra oceanos de moinhos silenciosos. Estive pensando que o tempo existe, sim, diferentemente do que pensava antes. O tempo estava consolidado na destruição do corpo. Eu o vi. Eu o vi e só pensei, meu deus, aquele é ele. Ou foi ele. Todas as veias que circulavam um sangue, todas as articulações que mexiam ao correr, todos os apertos de mãos; o tempo terminou com todos, a tudo destruiu sem piedade alguma. O que sobrou é tão sutil quanto fumaça; ataca no meio de noites sozinhas ou nas tardes sem motivo para existir. Assim, no meio do nada, a saudade aperta e não se sabe do que ela se lembra. O cheiro do mar que não existe dói um pouquinho e chama com urgência alguém que eu nunca fui. Talvez seja o eclipse. Não sei se tenho ligações cósmicas com a lua, se é ela quem me obriga a me manter acordada enquanto iluminar as sombras dos outros – porque a minha, ela não ilumina. Eu não me permito à luz. Eu me fecho como uma m