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Mostrando postagens de dezembro, 2010

- Alô?

- Alô, é da casa do... - Olá, você, de novo. - Como sabes que sou eu? - Essa tua voz toda dolorida, só podia ser tua. Fala o que tens pra falar. - Só liguei para dizer que te quero aqui, pertinho. É muito melhor. - Não posso, meu bem. - Por quê? - Porque não quero. E quando não quero, mesmo que eu vá, não posso. - Por que não quer? - Imagine um arco-íris, todo roxo. Seria arco-íris, mas de uma cor só. Qual a beleza nisso tudo? Eu aí, contigo, sem ser eu mesmo. - Tira essa merda desse personagem, meu Deus. Tô tão cansada dessas coisas, dessas desculpas, desses sorrisos prolongados por mais dez segundos. - Não sei do que falas. - Seu personagem não sabe, mas você sabe, sim. Para de fingir. Sua boca mente e seus olhos dizem a verdade. Sua boca mente e sua respiração desmente. Ouço daqui teu respirar ofegante, com medo de ser descoberto. Mal sabe você que já te descobri. Sim, tirei este lençol com o qual tu vens se escondendo... Agora sentes frio, não é? Pois saiba que me senti

Até quando...

Lendo um livro no notebook, acabei lembrando dele, e tive que pegar o carregador e conectá-lo na tomada, pra não me distanciar. E não posso deixar as lágrimas caírem: há gente aqui. Gosto tanto dele. Tanto, tanto, tanto, tanto. Por quê? Não sei. Mesmo. E eu olho pra este telefone como se fosse minha salvação: parece que estás dentro dele. Eu preciso pegá-lo, colocá-lo na orelha, discar oito números e dizer "alô? vou praí, você sabe". Mas não posso. Não posso porque não sei. Não sei dele, não sei de mim. Eu preciso ver se você está, no que pensa... Parece que és onipresente e tá em todo lugar. Saio, você tá. Chego, você tá. Sorrio, você tá. Choro, você tá. Penso, você tá. Está em todo lugar, a todo momento, em todo pensamento, em todo sentimento, em todo gesto, palavra, rua, esquina, padaria, até quando sinto cãibra no pé, você está. E eu não quero que vá embora. Não quero, não. Não que eu não possa, eu só não quero mesmo. É muito melhor contigo. É muito mais doce, tenho mais

Caps Lock

Eu escrevo, não paro. As letras me puxam, é constante, contínuo, doentio. Desde pequena, sempre escrevi em mente. Acredite, para mim isso é muito pessoal: confesso que tenho letras em mente. Não letras normais, que se organizam quando quero. Letras, o teclado inteiro, um caderno, um lápis, tenho tudo em mente e não paro de escrever. E, de repente, chegam-me versos, frases desconexas, sem sentido, e se formam sem minha autorização. Eu não paro e às vezes acho que ficarei louca. Tudo que eu penso, ou sinto, escrevo. Não sei se a intenção é mudar o que sinto, já que todo sentimento colocado no alfabeto toma suas cores e formas. Não sei se devo escrever, e por isso tanto ajo errado, porque satisfeita não escrevo muito. Só sei que escrevo, borro, pinto, choro, tenho feito tudo com a emoção que eu havia perdido. Tudo é grande demais, forte demais, meu alfabeto está todo em maiúsculo: esqueceram de desativar o caps lock. Eu não era mais assim. Na verdade, tudo estava muito calmo, centrado, e