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Mostrando postagens de dezembro, 2012

Rua

Ando seca e devagar Pela calçada Sem os atropelamentos Sem o aperto das vias A rua está vazia Mesmo com o meu trajeto: Sou um pouco mais de nada Em meio ao nada completo.

Das solidões de um domingo

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Olho pela janela da sala Na madrugada entre um domingo e uma segunda Entre o corte de uma faca e o buraco de uma bala profunda Entre um morto desmaiado e uma viva moribunda Olho pela janela desta sala A árvore que igualmente cala A folha que o silêncio exala Na outra bate, como em combate À calma chata de uma noite adormecida “Alguém me mate!”, grita o carro, desligado, na avenida “Alguém me mate!”, grita a calçada, sem pegadas, nem vestígios “Mas já sou morto”, atesta o banner, se rasgando, sem prestígio Olho pela janela desta sala Uma noite que, aos poucos, me apunhala E confirma que as coisas são só coisas Que as ruas são só ruas Que o vento é só vento E que eu sou só eu Num escuro breu Perdida num apartamento.