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Mostrando postagens de novembro, 2013

Segredos azuis

Toda vez que eu olho o mar, Parece que ele me diz um segredo - Que, sendo segredo, eu não posso revelar; Parece que ele conversa comigo, se diz meu Amigo E me manda ir embora Como um amigo livre que sabe que a hora Não dura Mais do que a própria hora há de durar. Tentei traduzir as mensagens, o barulho da onda E o som que as conchas fazem na orelha, Aí lembrei que não se traduz uma língua para A mesma língua; Que a língua dos gestos e do movimento, A língua dos sons é minha, também, E eu a entendo, E eu a produzo, E eu compreendo, enfim, Que ela trai bem menos que as mudas palavras E diz, quase sempre, Que tudo se vai - e por um dia ter vindo é que devemos ser Felizes, E parar de buscar na eternidade O que não preenche o impreenchível: O parar das ondas, Que não guarda o mar, Mas o engessa como numa foto, Num desenho Ou numa arte qualquer; Como o irreal, E nunca o real,  - o real que se mexe, Que vem, E que vai, E que ainda volta, E precisa se mexer