Novelo das nove
não se preocupar em entender as coisas parar no tempo e chover sem molhar brincar com pedras que falam e choram andar por cima da água sem milagres admirar o mundo ficar não fugir admitir que há um porquê em tudo e que o silêncio explica e que não é divino nem fino nem grosso nem fundo nem raso que as coisas são e são pelo avesso e que um tropeço pode ajudar agradecer ao nada chamar por tudo e todos os nomes enlouquecer um pouco e ficar mais que sóbrio: ser louco gostar de ser louco e não deixar que roubem a tua insanidade carregar os amores perdidos e as chaves sem fechadura ser transparente ser armadura ser gente esse troço confuso que todo mundo é e não se sabe amar não ser amado não amar o outro viver de tudo e morrer um pouquinho e não entender nada nunca e entender um pouco e mudar de ideia e não querer mesmo que se entenda e abrir os olhos e é outro dia e às vezes não é e a vida é isso pra todo mundo e todas as gentes