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Mostrando postagens de fevereiro, 2012

O espelho.

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Era cedo, se o referencial fosse a noite. Era tarde, se fosse a madrugada. Era atemporal, se fosse o amor. Sempre acordava com a cabeça meio "zonza", uma das mãos dormente, o cabelo bagunçado e aparentemente mais curto - mas não. Não. Tudo estava do mesmo tamanho: da altura à esperança. Nem maior, nem menor. Talvez houvesse engordado, sabia o quanto aqueles chocolates a levariam de volta ao passado, mas estava do mesmo tamanho. Sozinha, naquele momento pequeno, que, na pele, parecia durar a eternidade, levantou com passos lentos e a consciência furada como uma peneira, por onde escorriam todas as suas culpas. Tocando cada parede, quase esquecendo o mapa da própria casa, dirigiu-se à cozinha. Na pia, uma pilha de pratos, da marca Rayovac. A água saía da torneira com o propósito de assustá-la, no silêncio, fazendo com que se sentisse numa película de terror - mas não. Não. Não era terror. Às vezes, comédia, suspense, drama, mas terror, não. Doía, doía bem muito lá dentro, as

Vocês não sabem.

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Vocês não sabem. Eu me sinto bem, eu sinto o cheiro, eu lembro o cheiro, a cor, a sensação, mas vocês não sabem. Eu ouço a risada, eu sonho e não rio pra fora. Eu rio por dentro e, mesmo assim, choro. Eu choro, mas vocês não sabem. Eu mantenho minha boca fechada, guardo minhas ideias e opiniões, meus pensamentos, minhas piadas, minha gargalhada gigante, meus xingamentos, minha safadeza, meus medos, minha inocência, boto uma cara séria, e vocês não sabem. Vocês não sabem quem eu sou, do que eu gosto, do que eu não gosto, o que eu faço e o que eu não faço. Vocês me julgam, analisam e criticam, não acho que me apreciem. Vocês não sabem. Vocês "vivem a vida", e, pelos seus padrões, eu não vivo - eu sou diferente e seguro um livro. Vocês não sabem. Vocês não sabem que eu não gosto de boate, que não sou inconsequente como imaginam, que minha cara, muitas vezes, é feita de madeira, que detesto física, que gosto da Marilyn Monroe, que adoro fazer rir, mas ninguém ri. Ninguém ri, por