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Mostrando postagens de agosto, 2019

Imagem

Sabor de pitanga na Boca: a fruta me vem Sem que eu a procure O artifício maior da preguiça É a imagem Colho as pitangas do pé E sequer me levanto: Articulo o impossível Em mim.

Caverna

Estou como à porta De uma caverna imensa e Uma descoberta absoluta: Que sensação incrível Ainda ter algo grande E misterioso A se descobrir nesta Vida Só isto vale Ainda que do outro lado Não haja nada.

Fantasma

Hoje, Em tua casa, surgirei Em teu caminho Em pleno corredor: Estarei eu Atrás do teu espelho: Estarei eu Em breve despertar: Estarei eu Em tudo que fizeres: Estarei eu Habito um mundo que Já não mais me pertence E talvez nunca tenha Mesmo pertencido (São os fantasmas Inquilinos odiados, Ou os deixamos morar em Nossos quartos E os chamamos quando Sozinhos, Sem testemunhas? Será preciso estar morto Para assombrar? Onde tu moras, Ser estranho E conhecido? Dentro de mim, Ou há ainda Outro lugar?) Há uma morada em mim Que desconheço E nela jaz a minha paz A nada entendo: Ainda estás vivo, E, se te mato, Tenho um motivo: O espaço do amor É o da morte Estou perdida Como todos do universo E aceito o desejo Como o meu guia Por isso tropeço Tanto tanto E tanto.

Partida

Quando toda a poesia for De mim embora Eu irei logo em seguida.

Rastro

Hoje Não darei pistas, Meu rastro será só meu Minha sombra me Acompanha E nela me resguardo Sob o sol - da solidão, porém, Nada me guarda E trombo com ela em Meus caminhos Só a poesia me salva Do desaparecimento contínuo Ainda existo E é em mim que moro E meu passo é sempre E sempre Sozinho.