O mesmo homem

Quantas vezes este quarto já
Ouviu teu nome?
Estas paredes já estão surdas
E não aguentam mais
O mesmo homem

Quantas vezes este quarto
Não guardou teu cheiro?
No meu cabelo
No travesseiro

Quantas vezes viu o teu retrato?
E quantas noites já me viu insone?
Com o pensamento em ti,
No mesmo homem

E quantas portas aguentou batidas?
O quanto o gesso emoldurou feridas?
O quanto me ouviu contigo ao telefone?

Quantas vezes não ouviu minhas crônicas?
Quantos poemas meus já não conhece?
Com as mesmas tônicas
As mesmas preces

Quantas pisadas bruscas apressadas
Não sentiu do meu pé?
E quantas vezes já perdeu a fé?

Eu não sei quantas
Mas foram muitas
Muitas as vezes
Em que este quarto ouviu
Teu nome

E serão muitas
Muitas mais vezes
As que ele não ouvirá
Pois este é o último dos
Meus escritos
E eu já não lembro mais sobre
Quem falo.

Comentários

Postagens mais visitadas deste blog

A noite

Só.

Duas às nove.