O outro

Sentir
E ser o outro
E entrar no outro como
Se adentra a carne
Mais profunda de todas as
Espécies

Sentir
E ser o lodo
E averiguar esgotos como
Se fossem eternos
E a eternidade suplicasse por
Carícias
E apegos
E juventudes
E ainda assim gritasse
E de joelhos
Em catarse
Olhasse em si a
Imensidão do outro
E assim o fosse
E assim o amasse
E assim morresse como
Quem jamais viveu um dia
Senão na própria morte

E assim partisse
E assim sentisse
E fosse o outro
E fosse o lodo
E fosse a vida
E a melodia calada das
Noites e ruas
E os postes apagados
E as buzinas quebradas
E as crianças nascendo
E a vida
A vida
E a vinda viesse sempre
Sem jamais chegar
Que a hora de ir embora é
Nunca mais
E nunca mais é agora
Quando os planetas
Adormecidos
Gritam sonâmbulos que
A dor de partir é
A mesma de chegar
E assim tudo é vivo
Tudo é único
E uno
E eterno
E sobrevive a terremotos
E cata-ventos ambulantes
E reina
A todo momento
Em seu próprio caminho.

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