Na madrugada de ontem, não lembro o porquê, pensei: sempre existem situações piores... E entrei em contradição comigo mesma. Se sempre há alguém pior, deveria haver o pior de todos? Não, porque existiria algo pior do que o pior de todos, já que sempre pode ser pior... Enfim, seguindo esse raciocínio, vale o mesmo para o "melhor". Não pode ser sempre pior ou melhor. Quando a dor é sua, não adianta saber que há algo pior. Dói da mesma forma. Depende também do conceito de "bom" e "ruim". Mas tudo me faz crer que os acontecimentos não doem. O que dói é ter sua pior parte revelada pra si mesmo, são os medos. O que dói é você. Você se dói, porque mexe nas suas feridas mal cicatrizadas. Você ouve "sinta-se bem" e tenta "sentir o bem", mas não faz o que realmente deveria fazer: sentir-se, sentir você, sentir a vida que existe em cada sorriso, choro ou grito seu. Terminar o namoro não dói... O que dói é o medo de estar só. Engordar não dói... O ...
Lendo um livro no notebook, acabei lembrando dele, e tive que pegar o carregador e conectá-lo na tomada, pra não me distanciar. E não posso deixar as lágrimas caírem: há gente aqui. Gosto tanto dele. Tanto, tanto, tanto, tanto. Por quê? Não sei. Mesmo. E eu olho pra este telefone como se fosse minha salvação: parece que estás dentro dele. Eu preciso pegá-lo, colocá-lo na orelha, discar oito números e dizer "alô? vou praí, você sabe". Mas não posso. Não posso porque não sei. Não sei dele, não sei de mim. Eu preciso ver se você está, no que pensa... Parece que és onipresente e tá em todo lugar. Saio, você tá. Chego, você tá. Sorrio, você tá. Choro, você tá. Penso, você tá. Está em todo lugar, a todo momento, em todo pensamento, em todo sentimento, em todo gesto, palavra, rua, esquina, padaria, até quando sinto cãibra no pé, você está. E eu não quero que vá embora. Não quero, não. Não que eu não possa, eu só não quero mesmo. É muito melhor contigo. É muito mais doce, tenho mais ...
Eu sinto uma vontade enorme de escrever sobre você. Não sobre o "eu" de você, mas sobre o seu "eu" em mim. Continuo querendo desvendar o que existe atrás de tanta capa que te cobre e, mesmo que eu não descubra, consigo ver. Eu vejo o que eu quero e nunca seria capaz de ver o real. De repente, me veio a descoberta: por mais que eu te desvende, sempre serás como quero. Pode existir um "eu" seu como eu quero, e um "eu" como não quero. Enxergarei os dois, mas nunca apenas o segundo. Eu gosto disso tudo, desse mistério, dessa procura, dessa imaginação desenfreada que insiste em pensar em ti. Eu gosto muito, pois é o único momento em que me permito ser eu. Vem, vem logo que eu tô a tua espera, a porta tá aberta e meu olhar é pra você. Vem, não diz que me ama e eu não direi que te amo também, não quero mentiras. Vem, olha pra mim, fixamente, faz o tempo parar e o relógio enguiçar, enquanto nossos olhos se chocam. Vem, não seja tão clichê e não me deixa ...
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