Logo Maria.

Maria andava e parava, andava e parava, não corria. Maria, Maria, Maria. Três vezes Maria. Ela tinha mania de chamar os outros de "Maria", apenas por ser chamada assim. Mas muitas Marias respondiam. E Maria não sabia decidir. Maria saiu de casa, saiu com o pé direito - superticiosa que era -, e foi à esquerda. Entrou na padaria. Ouve-se "Maria, você na padaria? Logo Maria, que não sai de casa. Logo Maria, que demora horas decidindo com qual pé sairá. Logo Maria, que só sabe começar com o pé direito, mas o esquerdo tem boca". Mas Maria não queria sair. Ela ficaria o resto da vida trancada. Maria não queria escolher o pé. Maria queria se chamar Maria, sem mais, nem menos. Maria teve epifania. E, feliz, falou "quero quatro pães". Maria nem pensou mais. E saiu. Com o pé esquerdo.

Comentários

Postagens mais visitadas deste blog

A noite

Só.

Duas às nove.