Tanto.

Porque eu jogava esperando ganhar. Se perdesse, não jogava mais. Mas, agora, aposto as cartas, e venha o que vier. Não pelo resultado, mas pelo caminho. A gente não ganha sempre, nem perde, também. Agora eu jogo porque gosto. E eu gosto de fotos. Elas sempre me dão uma sensação diferente. Eu gosto das cores, dos tons, das caras, da pose. Pose é palavra de velho, mas vou ser velha, agora. Eu gosto de ver como as mãos estão expostas, nas fotos. Quando elas são expostas, claro. Será que foi planejado? Será que foi surpresa? Por que a gente sorri, em algumas fotos? A gente quer mostrar que é feliz. Mas, às vezes, nem é. Às vezes, é. Sorrisos sinceros são os mais esperados pelos dentistas: é possível ver até os dentes que não nasceram. Por que a gente não sorri, em outras fotos? A gente quer mostrar que é triste? Mas quem disse que quem não sorri, sempre, é triste? Às vezes, nem é. Às vezes, é. A gente só sabe no olhar. Não o momento, mas a continuidade, mesmo que seja instável. Sorriso não prova nada. Sorriso pode ser agora, sabe? E pode não ser. Pode muita coisa. E, agora, percebo que já não abro livros em páginas aleatórias, esperando um sentido divino, não. Eu abro e espero de "amor" a "papagaios", até páginas que não escrevam minha vida. Estou buscando o melhor, em quase tudo. E penso "se não for bom, pelo menos, lembrarei sorrindo". Eu estou aqui, viva, não é? A gente tem que viver. Não, eu não acho que estou aqui por um sentido. Estou ao acaso, e aproveito, e brinco, e corro, estamos todos ao acaso. Aproveita. Eu diria "até que o acaso não te traia", mas acaso não trai ninguém. Acaso não é de ninguém, acaso é acaso. É ele, e ponto. Tenho sido tão sincera, quase sempre. Digo, quase, porque não se pode ser all the time. Deixei bobagens de lado, do lado esquerdo, já que sou destra. Peguei de volta aquilo que sempre foi meu. Eu havia guardado. Eu aprendi a não mudar pelas decepções. Agora, só mudo por alegrias, se achar necessário. Sou essa, e s s a, com todas as letras. Gosto de me afirmar. Meu mistério sou eu, não vou forçar nada, não. Se não te encantas, vá embora. Se queres, fica. Mas não tente me deixar tonta com essa fumaça cor de sei-lá-o-quê. Não vai conseguir. Não assim. Que a gente não se perca. A gente, digo, nós. Que não nos percamos. Seja como for, eu sempre guardo o sabor. O cheiro, o teu, o meu, o nosso, o desse agora. Que a gente não perca tempo. Essa é minha única oração, cheia de tantas, ao acaso. Acaso me governa. Agora, pra você, meu bem, sobrou carinho. Sobrou uma coisa boa, de algo que já foi tão desagradável. E que sejas, e sejas tu. E que alguém te enxergue, como eu enxerguei. E que não desista de você, como eu desisti. Eu gosto da claridade, ou da escuridão palpável. Mas eu gosto do que é, meu bem. Não do que poderia ser. O que é tem sido muito mais bonito. Meu nome será espontaneidade. Mas, por inteiro, que eu não gosto só da metade do bolo.

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