Olha.

Mistério. Não conheço, mas sei bem. Tu olhas de cima, como se estivesse bêbado, sem estar. Como se dissesse "vai, fala logo" ou "você é só mais um em quem não confio".Olha de cima. Não como quem faz de tudo pra subir, mas como quem subiu e tem medo de descer. Aí paras de não ser quem é, sentas, respiras e mudas. Então, eu sei que você chegou. E que junto contigo vieram tuas mágoas e dores. Teu olhar vai distante, se afunda todo e, às vezes, encontra o meu. E vai embora. Vai porque não tem coragem de olhar e dizer "é verdade, é assim, não sou o que quero ser". Vai porque sabe que eu te vejo. Eu te vejo, vejo o que é teu, o que tu esconde debaixo destas piadas bobas, acompanhadas de um sorriso antigo, me fazendo mostrar os dentes também. Ah, o final da tua risada. Parece criança que nunca viu bola. Gosto muito dessa tua infância eterna. Talvez tu nem sejas assim. Talvez eu queira que sejas, para que me sejas também. Seja. Seja pra mim, seja pra você, mas seja. Seja, não o que você não é, nem o que você é. Seja pra mim.

Comentários

  1. "Vai porque sabe que eu te vejo. Eu te vejo, vejo o que é teu, o que tu esconde debaixo destas piadas bobas, acompanhadas de um sorriso antigo..."
    Adorei =]

    ResponderExcluir

Postar um comentário

Postagens mais visitadas deste blog

A noite

Só.

Duas às nove.