Maravilha.

Alice andou no helicóide colorido, pensava que era escada, mas nem era. Saiu correndo atrás do coelho branco, e o coelho não aparecia. Coelho tinha relógio, Alice tinha sonho. Sem porra de chapeleiro, Alice não tinha mais paciência para isso. Alice era muito impaciente. Mal cabia em si, tomou suco e cresceu. Alice, toda de azul, toda de branco, era Alice do mesmo jeito. E se Alice morrer? O país das maravilhas continua igual. Nem cortaram sua cabeça: nem havia cabeça. Flor vermelha, flor branca, Alice nem gostava de flor. Mas Disney pediu pra fingir. Tudo bem, ela fingia. Alice nem era doce. Alice só tinha sonho, tem que ser doce pra ter a porra de um sonho? Não, não tem. O sonho de Alice era coisa boba, não era nada tão extraordinário quanto casar, ter filhos, boa vida profissional e morrer. Alice, Alice, não chore assim. E se afogou em lágrimas. Lágrima dela, choro dela, tristeza dela. Era Alice no país das maravilhas, meu bem. Maravilha de cortar cabeça, de chapeleiro maluco, de gato risonho. Gato sumia, sorriso ficava. Aí Alice acordou. Puff, era tudo um sonho. Puff, nem havia helicóide. Puff, Alice morreu. Sorriso ficou. Ficou sem Alice. Mas Alice nem era doce. É só Alice.

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